
entrou na porta de costas
descalço, com os pés vesgos
descia carregando medos,
as escadas suspensas em redes.
com visão lenta petrificava o espaço
e, das vidraças retratavam as sombras
do lado de lá, da porta ao lado.
encontrou o anoitecer sem horas,
velas ardiam pela casa,
como astros em campo nu
a claridade existia dentro do tempo.
passeou a memória,
sem excessos
recordou como se movia o mar
e com os dois pés esquerdos
caminhou sobre cal caída das paredes
sujas de palavras.
de dentro sangrava
o fascínio de saber sonhar.
helena maltez
8 comentários:
Gostei. Gostei muitíssimo. Nunca tinha imaginado "pés vesgos". muito menos aqueles que "encontrou(am) o anoitecer sem horas"...
e a esses me rendo. e daqui fico a pensar que, Jean-Paul Sartre, tão vesgo, qb., mas que sabemos de uma enorme lucidez, diria porventura, a respeito:
"És livre, escolhe, ou seja: inventa."
ou ainda
"Cada homem deve inventar o seu caminho."
ainda que o caminho
"de dentro sangrava(e)
o fascínio de saber sonhar."
Quanto importa, cara poeta: o sonho.
Saudações com estima
*__bonecadetrapos__*
gostei de teres entrado de novo...
e de partilhares os sonhos...
bjs Lena
Entrou. E "dentro sangrava
o fascínio de saber sonhar". Mas entrou, mesmo de costas para carregar o sonho...
Que belo poema. Ainda bem que voltaste.
Um beijo, Lena.
Um dos mais bonitos poemas seus que já li.
descalço, com os pés vesgos
descia carregando medos,
as escadas suspensas em redes.
E não andamos todos um pouco assim?
Um abraço
porquê sujas de palavras?
Chama-se a isto entrar com os dois Pés.
Saudações Vagabundas
«com os pés vesgos descia carregando medos, as escadas suspensas em redes.»
...tá lindo o teu poema...
Mts parabéns mesmo!Continua!
O Natal é o sorriso de todos os dias.
É também o fascínio de saber sonhar!
Que seja também a alegria do teu caminhar, agora e sempre!
Festas Felizes, Helena!
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